Wednesday 25 March 2009

Revolutionary Road


Óscar Wilde escreveu:

‘Consistency is the last refuge of the unimaginative’

Pode ser que seja erro meu, mas sempre associei a palavra Consistência à palavra Contentamento, palavra que odeio. Esta palavra sumariza tudo o que me causa transtorno:

A ‘Minivan’. O passeio no Shopping. Almoços eternos em casa dos sogros todos os sábados, sem falta. E, conversas extensivas sobre fraldas com o suposto amor da minha vida - Amor da minha vida que quando chega a casa, tenta não tropeçar nos brinquedos espalhados pelo chão, a caminho da mesa de jantar. Remove a gravata, desabotoa o severo botão da gola da camisa, que agora já esta amachucada, (não passo a ferro!) - depois do diálogo fascinante entre estas duas pessoas, que por mais que tentem, não se conseguem lembrar porque é que gostam um do outro, para não dizer amar, vão para a cama deitar-se lado a lado. Em noites melhores, tentam encontrar a coragem de esticar a perna até ao outro lado da cama e deixar que os seus dedinhos do pé se toquem.

Sinto a necessidade de clarificar que esta minha viagem na maionese, não é critica à grande maioria que procura atingir uma vida ‘normal’. Não é. Em momentos de pensamento prático e conformado (são poucos), às vezes desejo que esta ‘normalidade’ me provoque alguma vontade, previsão de felicidade ou pelo menos realização. Más Não, em vez disso a minha própria claustrofobia afoga-me e sinto-me lentamente a sufocar pelas mãos do mundano.

Despida até aos ossos, tal relação, assemelha-se ao movimento de ondas de verão, pequenas, moles e lentas, nem subindo muito altas nem caindo com muita força... Como o Oceano Mediterrânico.

Eu, prefiro o Atlântico.

6 comments:

Ana said...

Ai está Juicy.
O problema não é a "minivan", nem os sogros, nem as fraldas, o problema é perdermo-nos tanto nesses detalhes de Merda, que nos esquecemos que estamos ali para Amar, partilhar, gozar, divertir...

Pomos a 1º mudança da vida e seguimos para as outras com uma obdiencia social que nos foi ensinada e a muitos imposta.

Charlotte said...

Concordo. Não é tanto o que se faz, mas o que está por trás daquilo que se faz. Ou melhor, por dentro, por baixo, bem fundo... de onde vem tudo o que é genuíno.
Tinha um namorado que fazia questão de entrar em casa ainda de gravata porque o seu pai sempre entrara em casa de gravata e essa imagem do pai de fato e gravata a chegar a casa do trabalho ficou gravada na sua memória. O meu namorado adorava gravtas, e nunca eram gravatas severas, eram gravatas orgulhosa (no melhor sentido!) e descontraídas, ao pescoço de uma pessoa sorridente e também descontraída. Uma pessoa feliz por usar gravata não porque a sociedade o exige, mas porque para ele esse insignificante acessório simboliza a alegria de um dia entrar em casa e alguém vê-lo com os mesmos olhos de admiração e amor com que ele via o seu pai.

Ana said...

Amei esse Historia Charlotte.
Sabes que tenho um velho problema com o desconforto das gravatas.

o Importante é o sentimento que pomos no que fazemos e usamos e não o facto de o fazermos para conseguirmos cumprir todas as regras sociais ditadas " por alguem "

Se ele gosta da gravata, tem que a usar.

Juicy said...
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Ana said...

Nunca me passou pela cabeça que estivesses a ser literal !!!

Adorei o post a assino por baixo

Ana said...

Depois do Revolutionarya Road aconselho o Marley & Me.
Mesma temática, mesmo drama, mesmos problemas; tudo misturado com cão engraçado e com marido que soube respeitar e foi por isso recompensado.
Fui ver com as Filhas Hoje e chorámos as 3 durante uma hora.
Quando saimos carro estava a ser rebocado e M disse ao Policia:

-" não perchebe ?? acabámos de chorar muito tempo e minha mãe não tem outro carro !!!!!